Qual o dia ideal para escrever o primeiro post?

sexta-feira, 11 abril, 2008 at 11:32 am 5 comentários

Alguém próximo a mim questionou:

– Você não irá postar em seu blog?
– Vou.
– Quando ?

Como há vários meses o blog foi criado e manteve-se até hoje sem post algum, concluí rapidamente que NUNCA iria escrever.

Foi nesse momento que a ironia bateu na porta, e então repondi:

– No dia em que o Brasil não tiver lixo nas ruas.
– Quando o mercado de trabalho do país oferecer salários justos e condições de ascenção.

E o pensamento ainda não poderia ter parado:

– Quando não houver pessoas com a necessidade de oferecer a morte a alguém, em troca de seus objetos pessoais.

– Quando os responsáveis pela criações das leis deixarem de beneficiar-se.

– Quando crianças não forem atiradas pela janela.

Por fim, eis um questionamento ainda mais importante:
Se você pudesse escolher, antes de nascer, qual seria o dia ideal para começar a viver no Brasil?

– .

Como diria um grande amigo meu:

O Problema do Brasil é que ele está cheio de brasileiros.

Entry filed under: Reflexos.

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5 Comentários Add your own

  • 1. Rodrix  |  sexta-feira, 11 abril, 2008 às 12:21 pm

    E o bluetooth parece manter-se ligado à tona.
    Acho que o dia IDEAL para nascer no Brasil…será quando…
    quando…

    quando ele for COMPLETAMENTE LIMPO.

    Abaixo segue bom texto À respeito:

    Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho:
    “o lar do passarinho é o ar, e não o ninho”.
    E eu voei… Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe.
    Não importa quanto tempo, não importa onde.
    Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente.
    Outra língua, outra cultura, outra moeda.
    É, vida dura mas eu sou duro na queda.
    Se me derrubar… eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração.
    Clandestino, imigrante, maltrapilho.
    Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro.
    Família, amigos, meus velhos, meu mano – o meu pequeno mundo em segundo plano.
    Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades.
    Passei um tempo mal, morrendo de saudade.
    Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade…
    Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada.
    Da cultura, da mistura, da estrutura precária.
    Da farofa, do pãozinho e da loucura diária.
    Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado.
    Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade…
    Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito.
    A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
    Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada que delícia!
    Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade…
    Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV.
    Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral.
    Do calor humano, do fundo de quintal.
    Do clima, da rima, da festa feita à toa – típica mania de levar tudo na boa – do contato, do mato, do cheiro e da cor.
    E do nosso jeito de fazer amor.

    Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar:
    o lar do passarinho é o ninho, e não o ar.
    E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno.
    Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno.
    Água no feijão, tô na área, bichinho.
    Se me derrubar… eu não tô mais sozinho.
    Tô de volta sim senhor.
    Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.
    Mas o amor é cego.
    Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal.
    Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país… não dá, não dá pra ser feliz.
    E bate uma revolta, e bate uma deprê.
    E bate a frustação, e bate o coração pra não morrer.
    Mas bate assim cabreiro.
    Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero.
    Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro.
    Os velhos, os filhos, os manos – ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos.
    Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas.
    Passei um tempo mal, morrendo de vergonha.
    Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha…
    Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada.
    Da postura, da usura, da tortura diária.
    Da cela especial, da estrutura carcerária.
    A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado.
    Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha…
    Da mulata oferecida, do pagode malfeito.
    Morrer na arquibancada pro meu time do peito.
    O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
    Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia.
    Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha…
    Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV.
    Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral.
    Do clima de festa, da festa feita à toa – ridícula mania de levar tudo na boa – do contato, do mato, do cheiro da carniça.
    E do nosso, jeito de fazer justiça.
    Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração.
    Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação.
    Muita água e sabão.
    Ensaboa, meu irmão.
    Não se suja não.
    Indignação.
    Manifestação.
    Mais informação.
    Conscientização.
    Comunicação.
    Com toda razão.
    Participação.
    No voto e na pressão.
    Reivindicação.
    Reformulação.
    Água e sabão na nossa nação.

    Responder
  • 2. Kamila  |  sexta-feira, 11 abril, 2008 às 1:06 pm

    porra, eu gosto de morar no Brasil, não teve nenhum ano bom ou época, aqui é cheio de defeitos.
    mas só sabemos falar dos defeitos daqui, por nunca termos morado em outro lugar.
    não tem lugar bom pra os seres humanos, pois eles nunca estarão satisfeitos.
    é isso que eu acho!

    eu gostei do texto, muito.
    e não pare, tá?

    te espero mais tarde 😉

    Responder
  • 3. Saulo Amaral  |  sexta-feira, 11 abril, 2008 às 1:24 pm

    Que letra do caralho!
    Muito bom mesmo.

    Responder
  • 4. marcela  |  domingo, 13 abril, 2008 às 7:29 pm

    O problema do brasil? como assim “o”?

    se eu fosse escolher um dia pra começar a viver no brasil, seria exatamento o dia que eu nasci. com os mesmos desafios, com a mesma geração sem ideologias e sonhos, com o mesmo mercado, indústria cultural, miséria, fome e o caralho a quatro.

    pq se viver fosse fácil eu já tinha pedido parada…

    ah, e quanto à piadinha de júlio… acho que não é questao de ter o problema dos brasileiros, americanos, ou dos dinamarqueses, ou dos franceses e seu bem-estar-social… aliás, eu já tenho os problemas do mundo não é mesmo? ou então comecarei a pensar “fodam-se as criancinhas com aids da áfrica, elas não tem nada a ver comigo, eu moro no canadá”.

    sim, e aproveitando a deixa de kamila: não pare!

    abraçao!

    Responder
  • 5. Julio Fragoso  |  sexta-feira, 11 julho, 2008 às 10:53 pm

    ai ai… minha piadinha é verídica apesar da crítica de todos vocês… adoro o país que nasci… mas uma coisa é certa, eu com certeza não pertenço a ele !

    quanto a pergunta do mike minha resposta é qualquer um… mas venha armado e preparado !

    Responder

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